Emerson Emídio

Padre Eraldo vai do sentimento da esperança à maior decepção na política de Delmiro Gouveia
Ele já foi condenado em dois processos no TRE e teve as contas do ano de 2017 rejeitadas pela Câmara

A onda não anda muito favorável ao ex-prefeito da cidade de Delmiro Gouveia, Eraldo Joaquim Cordeiro, conhecido como padre Eraldo (PT). Eleito em 2016, com uma vantagem de mais de 4 mil votos para Carimbão, apoiado pela família Costa e o ex-governador Renan Filho (MDB), ele recebeu das mãos da maioria, a chance de ser a esperança de uma transformação política e social.
Na época, grande parte do movimento cristão se uniu à imagem de um ex-pároco que desejava, ao menos nos discursos, transformar a zona mais carente da cidade, trazer igualdade e desenvolvimento.
O tempo foi passando e o que era um sentimento de esperança foi dando lugar a dúvidas, do presente e futuro. No ano de 2017, por exemplo, em entrevista a este jornalista, o padre disse que aquele período deveria ser esquecido, prometendo corresponder ao desejo da maioria dos eleitores.
Em algumas áreas, o governo de Eraldo teve direcionamento, entretanto, o saldo foi de uma gestão sem comando e com várias denúncias de improbidade administrativa, o que culminou numa operação do Ministério Público Estadual (MP/AL) e que, até os dias atuais, tramita no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL).
Mesmo com todo o desgaste sobre o ofício de ser prefeito, padre Eraldo, no ano de 2017, em um evento no Centro de Convenções, em Maceió, trouxe uma frase no discurso que é uma das marcas da história política dele. “Essa história de ser prefeito, na verdade, é meio negócio de corno”.
Em 2020, o ex-pároco, mesmo com um governo fraco de ações, tinha a máquina a favor e, na corrida eleitoral, precisava sair vitorioso. Esbarrou não apenas na falta de gestão, mas na divisão dos grupos políticos e, consequentemente, dos votos.
Perdeu a eleição para Ziane Costa (MDB) e, de lá para cá, viu não apenas o grupo se dividir, mas também os aliados se afastarem. Oito anos após, a Casa Legislativa rejeitou as contas da administração do padre Eraldo, referente ao ano de 2017. Antes disso, no ano de 2024, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL) o deixou inelegível por captação ilícita de sufrágio no período das Eleições de 2020.
A segunda condenação do TRE veio este mês, quando o padre, o candidato a vice nas Eleições de 2020 e mais três ex-secretários foram condenados por, de acordo com o órgão, terem utilizado da estrutura da prefeitura para angariar votos.
Entretanto, com toda essa narrativa da jornada do padre Eraldo na política, uma pergunta surge - O que faz um prefeito, eleito com ampla maioria e sentimento de mudança, se tornar, em tão pouco tempo, um símbolo de decepção?
A resposta é compreendida ao decorrer dos anos, das oportunidades desperdiçadas, das promessas de campanha não cumpridas e, acima de tudo, na sabedoria popular que entendeu a importância de, ao final das contas, não arriscar mais uma vez.
Todos devem se resignar…
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