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Delmiro Gouveia,12/03/2025

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Luciano Aguiar

TUDO É CARNAVAL

Alcebides o protético

Imagem ilustrativa
TUDO É CARNAVAL

Com os olhos esbugalhados em bolas de fogo, Alcebides o protético ruminou noite adentro as contas de décadas a receber. Os hieróglifos, no caderninho encardido de folhas arrepiadas comandavam a insônia das sextas, véspera de feira.  

Com o olho do dia aceso e brilhante de um verão escaldante, Alcebides convocou as irmãs, filhos e agregados, distribuindo as enfieiras setorizadas dos devedores.

Numa dessas manhãs, que o pé que vai ao chão primeiro é o esquerdo, a cobradora dona Cleinha, irmã do protético amanheceu ardilosa; seu peixe maior, Dinho da Bola já vinha protelando o pagamento de uma perereca provisória há três anos, do laboratório de Alcebides. 

Saindo para cobrança, Cleinha pescou da memória imagens de carnavais passados, onde Dinho da Bola, embriagado, realizava manejos nojentos de vai e vem no selinho da gengiva, com sua perereca de dentes de ratos. 

Dinho da Bola talentoso meia-esquerda, nas festas de momo saía pelo salão do clube, girando um copo americano com cerveja e um submarino perereca no fundo míope do olho; cada parada oferecia um gole de folia aos endoidecidos pelo frevo, sem perceberem bebiam mijo da perereca.

Cutucando a memória do inveterado devedor, Cleinha foi fechando o cerco na intenção do bote. Dinho da Bola saiba que esta noite sonhei contigo rapaz, num baile de carnaval lá em muriçoca. Você embriagado, com um copo de cerveja na mão e uma perereca, que hora estava na boca e hora no fundo do cacimbão. 

Em gargalhadas, Dinho da Bola fez movimentos com o corpo, como se estivesse a dribla e fazer gol e arrematou da memória a mais fantástica das suas palhaçadas. O mestre do fiado começou a contar o dia em que o delegado de polícia, fantasiado de lobo mal e sua esposa de vovozinha, compartilharam de sua loucura e beberam água do cacimbão. Dinho da Bola narrou o espanto e a espera dos foliões pela sua detenção na quarta-feira de cinzas; rua abaixo rua acima, era o buchicho do dia.

Logo no princípio “... do chega tão de pressa...”, o Delegado tomou conhecimento do buchicho que corria no salão, que sua mulher e ele beberam água da perereca de Dinho da Bola. De imediato, antes que Dinho evadisse, tomou a seguinte providência: Mandou o pequenino batalhão de três fechar as saídas da cidade; pensava ele que Dinho residia na área urbana de Muriçoca.  

À tardinha no bloco do Bacalhau na Vara, o Delegado fantasiou-se de Delegado e sua companheira de Presidente do Rotary Clube; Dinho da Bola não compareceu, ficou na esteira da Usina, chupando cana três X, tarefa difícil para um banguelo de incisivos. 

O dia amanheceu com o Delegado na casa do Juiz, amigo do Padre e dos Usineiros, foi logo adiantando: Excelência! estou para cometer uma arbitrariedade, preciso entrar na Usina, vou prender Dinho da Bola. 

O Juiz disse ao xerife: Aí são duas ilicitudes; o engenho é terra privada e beber água da chapa de livre e espontânea vontade não é crime. Sentenciou numa martelada só: Dinho da Bola não cometeu crime! O delegado entregou a estrela e foi embora. 

Os dois riram de chorar pelas gaitadas; Cleinha olhou para Dinho da Bola e armou a arapuca, inquirindo; Como você consegue levar e trazer a perereca com precisão para o selinho da gengiva? 

Encalorado pelas lembranças, Dinho joga a fina língua na presteza de um tamanduá, conduzindo a perereca num equilíbrio extraordinário. Aproveitando-se da “inocência” de Dinho da Bola, Dona Cleinha lançou o bote arrematando a perereca como uma víbora; colocou na bolsa e disse:  Agora você vai pegar com o Delegado, depois que pagar ao Alcibíades sua dívida de três anos, com juros e correções monetárias. 

Dinho da Bola morreu Banguelo.

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