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Delmiro Gouveia,12/03/2025

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Aniceia Ribeiro

Mulheres, enfim, chegamos para abrir caminhos

Demonstração de coragem

Imagem Ilustrativa/Divulgação
Mulheres, enfim, chegamos para abrir caminhos

Hoje, em uma demonstração de coragem, inicio a escrever neste espaço. É com imensa satisfação que agradeço a confiança depositada em mim. No momento, sou a primeira mulher a ocupar este espaço no site, enquanto colunista, e não fico contente por isso. Minha alegria está, principalmente na oportunidade de escrever com parcimônia e sabedoria, e, assim, abrir caminho para outras mulheres que certamente irão chegar. 

Quero contar para vocês uma história que me aconteceu quando eu ainda era uma pré-adolescente, mas que mudou, de fato, a maneira como vivo, como amo, trabalho, sou mãe e mulher, que embasará este texto. Adianto que não é do meu feitio lamentar experiências negativas, pelo contrário, contemplo pacientemente todas as vivências passadas, compreendendo que, na minha trajetória há muito esforço e instantes memoráveis. 

Pois bem, eu tinha apenas uma calça jeans para ir à escola. Um jeans azul-escuro, que eu usava a semana inteira e final de semana lavava para usar na próxima semana. Lembro-me que naquele fim de semana eu mesma fui lavar a calça, e aproveitei água e sabão que já estavam em um balde que minha mãe havia colocado. Eu não sabia que ali estavam água sanitária e sabão em pó. Mergulhei a calça e deixei-a lá de molho. 

Algum tempo depois fui retirá-la para enxaguar e tomei um susto: a calça estava parecendo um céu cheio de nuvens. Um azul-claro todo manchado. Chorei muito! Porém naquele momento tomei uma decisão importante, ainda que tenha tido medo dos julgamentos, de como me olhariam, o que pensariam, pois àquela altura o aprendizado de como as mulheres deviam se portar já estava firmado. Ainda assim, segui: iria à escola com aquela calça toda manchada até os meus pais conseguirem comprar outra para mim. Encararia os olhares tortos dos demais e afirmaria minha coragem. Eu não sabia, mas naquele momento eu decidi ser autêntica e real. Hoje entendo que certos momentos que passamos quando crianças podem nos definir. 

De etimologia latina, coraticum, coragem, significa: “a bravura de um coração forte”. Coragem é um substantivo feminino, todavia, para mim, coragem sempre foi uma espécie de verbo, que pressupõe ação, agir, caminhar pelo mundo, mas sem carregar pesos desnecessários. Guimarães Rosa disse certa vez que: “o que a vida quer da gente é coragem”. De nós, mulheres, requer ainda mais. E foi pensando nessa frase que aceitei o desafio de escrever esta coluna. 

Mas também por cogitar que do outro lado pode haver outras mulheres que pensem parecido, ou diferente de mim. Embora não tenha pretensão alguma de me apresentar como exemplo de nada, pois, parafraseando Shakespeare: “seres humanos são seres humanos, e, por vezes, o melhor pode errar”, contudo, se eu conseguir incentivar uma mulher a fazer o que ela tem vontade, porém tem medo, celebrarei intensamente.  

Ainda, quero dizer que assumo o compromisso de contribuir com o site e com os leitores, estou aberta às críticas, desde que se mantenha o respeito ao tema abordado. Por fim, acrescento que quando uma mulher conquista um espaço ou uma oportunidade, ela não está sozinha, ao contrário, está abrindo caminhos para outras mulheres também.




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