Seja bem-vindo
Delmiro Gouveia,25/04/2025

  • A +
  • A -

Aniceia Ribeiro

Sófocles, Shakespeare e a Sabedoria Estratégica da China

A sabedoria do povo chinês constatou que, para se reconstruir, eram necessários projetos estratégicos de longo prazo

Crédito: Pixabay
 Sófocles, Shakespeare e a Sabedoria Estratégica da China

Édipo é uma personagem do Dramaturgo Sófocles. Édipo não sabia quem realmente era, e não conhecia sua história. Por não se conhecer, não sabia que o homem com quem brigara e tirou-lhe a vida era seu pai. De igual maneira, por não se conhecer, não sabia que a mulher com quem se casaria, na verdade, era sua mãe. Édipo é uma tragédia que poderia ter sido evitada se ele soubesse quem era. Bastaria um pouco de conhecimento, e ele não teria perfurado os próprios olhos ao descobrir quem era o homem com quem havia brigado, e a mulher com quem havia se casado. Quem sou?  Essa é a pergunta fundamental que Édipo nos deixou.

Hamlet, é uma personagem da peça teatral de Shakespeare, que tem o mesmo nome. Hamlet, diferentemente de Édipo, sabe quem é. Sabe quem são seus pais. Não há dúvida sobre isso. Hamlet é extremamente inteligente, mas não sabe o que fazer com o conhecimento que tem e se perde nos labirintos da própria mente. Coloca em dúvida sobre quais caminhos seguir, e é daí que surge a expressão: “ser ou não ser, eis a questão”, ele enreda todos a seu redor em um processo mental que termina por causar a morte de todo mundo, inclusive a sua. Apenas saber quem somos não resolve nada. Temos também de saber o que sabemos. O que eu sei? Essa é a pergunta fundamental que Hamlet nos deixou.

E a China? A China tem uma história milenar, com uma civilização que remonta há mais de 5 mil anos, sendo o povo mais antigo do mundo e tendo já sido uma das maiores economias do mundo. No século XIX, tinha um PIB que, segundo dados, equivalia 32% do PIB mundial. Entretanto, nesse mesmo século, viveu o chamado, “século das humilhações”: perda de territórios, fome, pobreza, guerras imperiais, a constar, por exemplo, a invasão dos ingleses, que passaram a explorá-la. Esse foi um período em que a China esteve destruída, desorganizada, colonizada, e perdeu a direção. Mas foi a partir desse cenário que ela começou a traçar, estrategicamente, seu “recomeço”. 

A sabedoria do povo chinês constatou que, para se reconstruir, eram necessários projetos estratégicos de longo prazo, que versariam sobre a busca contínua em eliminar a pobreza, melhorar o desenvolvimento econômico e investir maciçamente na produção de ciência e tecnologia. E foi assim que a China deu um salto educacional, tecnológico e industrial, inovando e se modernizando, e passou de uma civilização que lutava pela sobrevivência para uma civilização em ascensão, posicionando-se novamente entre as maiores potências globais. 

O que fazer com o que sabemos? Essa é a pergunta crucial que a China, ao se reconstruir, nos deixou. 

De certa forma, a vida humana gira em torno dessas três perguntas. São como pontos essenciais de nossa existência. Não basta apenas saber "quem somos?", é preciso também saber “o que sabemos” e, talvez, a mais importante: conseguindo responder às perguntas anteriores, conseguiremos fazer uso prático com o que sabemos. Foi o que a China fez para se reerguer, e, atualmente, se mover de maneira eficaz, desempenhando um papel relevante no cenário internacional. 




COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.