Marcos Queiroz

O Sentimento que deve guiar o Legislativo: Compromisso com o bem comum

Em tempos de descrença na política, é essencial resgatar o verdadeiro sentimento que deve mover os legislativos federal, estadual e municipal: o compromisso com a coletividade. Mais do que ocupar cadeiras em sessões plenárias, senadores, deputados federais e estaduais, vereadores e vereadoras precisam sentir o peso e a nobreza da responsabilidade que carregam. Foram eleitos para representar e responder aos anseios da sociedade, falar por ela e partilhar dos mesmos sentimentos que a cercam.
Dirijo-me agora ao Legislativo do município de Delmiro Gouveia (AL). O sentimento que deve nortear sua atuação é, antes de tudo, o da escuta ativa — ouvir a população e os diversos segmentos da sociedade, compreender suas demandas reais e representá-las com fidelidade. Também deve haver um sentimento de zelo pela cidade: legislar com ética, fiscalizar com coragem e propor com criatividade. Quem disse que vereadores da base governista não podem fiscalizar? Podem, sim. Aliás, não apenas podem — é um dever moral de cada vereador. Fiscalizar, mesmo sendo da base do governo, significa apontar soluções para os anseios da sociedade. Sem isso, o poder se torna apenas um jogo de interesses pessoais.
Além disso, é necessário cultivar empatia e presença. Um Legislativo distante das ruas perde a sensibilidade; um Legislativo que se fecha em si mesmo perde a razão de existir. Que o sentimento dominante seja, então, o da construção coletiva — porque é na soma de vozes, olhares, instituições diversas e afetos que se transforma uma sociedade.
Segundo Norberto Bobbio, em A Teoria das Formas de Governo, a democracia, tão frequentemente mencionada, exige participação e transparência. Um Legislativo municipal comprometido deve atuar com clareza, criando pontes entre o povo e o poder — e não muros de silêncio e distanciamento. Isso implica que o sentimento dominante precisa ser o de responsabilidade pública, não o da vaidade pessoal ou da barganha política.
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