As perdas causadas pelo furacão Milton podem chegar a US$ 34 bilhões, de acordo com uma estimativa inicial de danos causados por enchentes e ventos da empresa de pesquisa CoreLogic, sendo que entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões dessas perdas são danos causados por enchentes não seguradas.

E essa é apenas uma estimativa das perdas causadas diretamente pelo furacão em si, e não inclui nenhum dano causado por pelo menos nove tornados que acompanharam a tempestade.

Acredita-se que a tempestade tenha sido responsável por pelo menos 24 mortes na Flórida. Ainda assim, apesar da destruição e das dezenas de bilhões de perdas, os danos poderiam ter sido piores, consoante a estimativa inicial.

A maioria das apólices de seguro residencial não cobre danos causados por inundações, apenas danos causados pelos ventos fortes de uma tempestade. A maioria dos danos causados por enchentes é coberta pelo National Flood Insurance Program (NFIP), administrado pela Federal Emergency Management Agency.

Os proprietários de casas que moram em áreas com alto risco de inundação são geralmente obrigados pelo credor hipotecário a ter seguro contra inundações. Mas grande parte dos danos causados por enchentes pode ocorrer fora dessas áreas designadas, onde é muito menos provável que os proprietários tenham cobertura.

A maior parte das perdas do Milton foi causada por danos causados pelo vento devido à natureza incomum da tempestade, conforme a CoreLogic.

“Quando o furacão Milton se aproximou da terra firme, interagiu com a corrente de jato sobre o sudeste dos Estados Unidos, fazendo com que os ventos nos lados norte e noroeste do furacão — geralmente conhecidos por serem mais fracos — fossem atipicamente fortes”, disse Daniel Betten, diretor de meteorologia forense da CoreLogic, no relatório.

“Para aumentar a complexidade, os medidores meteorológicos na costa da Flórida também mediram ventos com força de furacão em Sarasota, ao sul de onde Milton atingiu a costa, criando essencialmente duas faixas distintas de ventos prejudiciais com força de furacão.”

No entanto, houve menos danos causados pelo vento do que o esperado, dada a força dos ventos, e pouquíssimos danos causados por inundações causadas por tempestades, especialmente nos centros populacionais da área da Baía de Tampa, segundo a análise da CoreLogic, que foi concluída após examinar os danos causados pela tempestade em primeira mão.

“Dada a grande concentração de propriedades na área da Baía de Tampa, incluindo estruturas residenciais antigas e comerciais de alto valor, era possível que houvesse perdas seguradas (maiores)”, disse Tom Larsen, vice-presidente associado de gerenciamento de riscos e perigos da CoreLogic, no relatório.

As perdas de Milton provavelmente ficarão muito abaixo das perdas estimadas pela CoreLogic de até US$ 47,5 bilhões do furacão Helene, que ocorreu apenas duas semanas antes de Milton.

Mas, ainda assim, Milton pode se tornar um dos 10 furacões mais caros que já atingiram os Estados Unidos em termos de perdas seguradas, incluindo as perdas cobertas pelo NFIP.

O limite superior da estimativa de perdas seguradas, US$ 22 bilhões em danos causados por ventos e US$ 6 bilhões em danos causados por enchentes, seria suficiente para colocar o Milton na décima posição de maior impacto de uma tempestade para seguradoras, residentes e empresas, logo à frente do furacão Ike, de 2008, quando ajustado pela inflação.

O Insurance Information Institute, um grupo de comércio do setor, atualmente lista o Ike como a nona tempestade mais cara em termos de perdas seguradas, mas ele será empurrado para a décima posição pelo Helene.

O limite inferior da estimativa de perdas seguradas da CoreLogic seria de US$ 17 bilhões, com US$ 13 bilhões de danos causados pelo vento cobertos por seguros residenciais e comerciais e US$ 4 bilhões de perdas seguradas por inundações.

Ainda assim, o fato de o Milton ter seguido tão de perto o furacão Helene, que também atingiu partes da Costa do Golfo da Flórida, torna a recuperação desafiadora para os floridianos e suas seguradoras, disse o relatório da CoreLogic.

E o mercado de seguros na Flórida já está em dificuldades, com o êxodo de seguradoras nacionais do mercado, combinado com inúmeras seguradoras privadas locais que enfrentam problemas financeiros.

Os prêmios de seguro residencial na Flórida já eram muito mais altos do que em outros estados, e a Citizens Property Insurance Corp., a seguradora residencial sem fins lucrativos apoiada pelo estado, criada para ser uma seguradora de última instância, tinha 1,3 milhão de apólices de seguro residencial e estaria insolvente se fosse uma empresa privada.

Por ser uma entidade pública, ela tem o poder de impor uma sobretaxa de prêmio a todos os titulares de apólices em todo o estado para garantir que todos os sinistros sejam pagos, caso os sinistros excedam suas reservas financeiras.

Mas isso só aumentará os custos para todos os proprietários de imóveis e empresas segurados na Flórida.